Segue a gente: Inglorious Brewers.
Esse é o post de abertura do blog. Vai ser uma série grande pra caramba porque iremos desossar esse tema do início ao fim.
Esse é o post de abertura do blog. Vai ser uma série grande pra caramba porque iremos desossar esse tema do início ao fim.
Nossa meta é fazer
uma fodendo IPA cítrica, mas sendo espertinho você verá que pode
aplicar essa discussão à qualquer estilo.
Como diria Jack o
estripador; vamos por partes… ao longo dessa bravata cervejeira,
abordaremos os tópicos:
1 – Mirando no que queremos e escolhendo os ingredientes – Discutiremos como devemos dar os passos iniciais para podermos escolher os ingredientes corretos da nossa cerveja a partir de características básicas que estamos buscando.
1 – Mirando no que queremos e escolhendo os ingredientes – Discutiremos como devemos dar os passos iniciais para podermos escolher os ingredientes corretos da nossa cerveja a partir de características básicas que estamos buscando.
2 – Montando a
receita e fazendo a cerveja – Depois de escolher os ingredientes,
escolheremos a quantidade que a ser usada de cada um deles e como
serão administrados na fabricação. Aí vamos botar tudo na panela e
cozinhar! Vai ser tudo tão bem detalhado que será a prova de
idiotas. (clique aqui pra ler a parte 2)
3 – Degustando e
aparando as arestas – É claro que acabaremos com um teste
sensorial pra saber se ela tá do jeitinho que queríamos (duvido) ou se
vamos ter que refinar as arestas (certeza).
O conteúdo será postado a
medida que formos fazendo, praticamente vocês terão acesso
em tempo real de todo o desenrolar da bagaça. Se quiserem
fazer ao mesmo tempo que a gente e dar opiniões, fiquem a vontade, pois vamos curtir pra
cacete!
Pois bem, fiquem avisados que essa cervejaria é tocada quase que completamente por cientistas, então se prepare para muitas referências a livros e artigos. Vamos
parar de enrolar e ir direto ao ponto:
1 – Mirando no que queremos e escolhendo os ingredientes.
O que que a gente
quer? …. Sangue e destruição?!
Sempre! Mas também queremos uma IPA cítrica/tropical foda pra ganhar medalha internacional e se pá até intergalática. Portanto estamos buscando uma cerveja bem aromática, com um sabor de malte pouco pronunciado, dando apenas um acabamento, e uma combinação de lúpulos perfeitamente ajustada para um sabor bem marcante. Já para a cor, queremos um pouco mais e escura que o tradicional justamente para ser uma assinatura visual da cerveja. Tudo precisa se encaixar perfeitamente.
Tá… e por onde
começamos?
Começamos sempre pelo mais simples, que é escolher os sabores e aromas que nossa IPA terá. Nesse caso queremos sabores cítricos, com notas de maracujá e frutas amarelas, além de um sutil sabor de chocolate. Essas características já nos direcionam na escolha do malte, do lúpulo e até do fermento.¹
Por que nos
direcionam na escolha do malte, lúpulo e do fermento?
Porque esses 3 caras podem dar sabores diferentes a sua cerveja. Ainda, o fermento pode ajudar a realçar alguns sabores do lúpulo ou ficar na dele sem interferir.
Por exemplo:
O malte pode dar
sabores mais adocicados e torrados, então, somente da utilização do malte correto, você pode obter qualquer
um desses sabores:
Pão, chocolate,
caramelo, biscoito, rapadura, cereais em geral, aveia, café, toffee,
torrado, queimado, defumado, nozes, amêndoas e até feno e palha.
Se você sentir um
desses sabores, saiba que são do malte. Além disso, esses
caras vão dar a cor da sua cerveja, logo você irá controlar a
cor usando o malte. É aqui que buscaremos o chocolate da nossa
IPA.
Já o lúpulo vai dar toda a variedade de sabores picantes,
frutados, herbais, cítricos e terrosos que sua cerveja pode ter,
além do amargor, é claro.
Por sua vez, o
fermento pode realçar algumas características cítricas do lúpulo,
ou ainda dar uns esteres frutados legais pra caramba, como frutas
amarelas/vermelhas, banana e cravo. Já outros fermentos são bem
limpos e não alteram significativamente os sabores do malte e
lúpulo.
Esses parágrafos
acima já direcionaram tudo para fazer a nossa receita, desde a
escolha dos insumos até as técnicas de produção e envase que
vamos utilizar. Porém, sem ansiedade, vamos passo por passo.
Beleza, agora é
hora de organizar a nossa busca pelos ingredientes básicos:
Malte: vai ter
que ter algum chocolate.
Lúpulo: vamos
procurar pelos cítricos que puxem para maracujá.
Fermento: Ou vai ser
limpo, ou vai ser algum que realce os cítricos/frutas amarelas.
Antes de irmos para
a escolha dos insumos, vamos assegurar alguns parâmetros básicos[1]
que definem o estilo IPA (no caso, uma Americam IPA):
OG: 1,064 - 1,067 SG
IBU: 55 – 69
ABV: 5,7% – 7%
EBC: 14 – 28
IBU: 55 – 69
ABV: 5,7% – 7%
EBC: 14 – 28
Obtendo qualquer
valor nesse range você fará uma Americam IPA corretamente.
1.1 – Escolhendo o
malte (grão).
Primeiro de tudo, o
malte vai nos fornecer: corpo, dulçor e os açúcares fermentáveis
que a levedura vai transformar em álcool e dióxido de carbono. Aqui
vamos usar apenas cevada maltada, mas algumas ótimas IPAs nacionais
usam também aveia, como o caso da Hocus Pocus Overdrive, ou mesmo
trigo.
Você precisa ter em
mente que na IPA não é legal ter um malte pronunciado demais [1], ele
tem que fazer o acabamento, tem que se encaixar no lúpulo sem roubar
a cena. Então dê preferência para uma base de malte de sabores leve, como :
- Pale Ale
- New Burton white
malt
- Warminster extra
pale malt
- Low-color Maris
Otter malt
- Biscuit Malt. (<15%)
- Biscuit Malt. (<15%)
- Munich.
- Caramel 20ºL, 40ºL
- German Pilsner malt
- English pale malt
- German Pilsner malt
- English pale malt
- Crystal (< 15%)
- Maltes torrados
(aprox. 1%)
Claramente que a
lista de malte é grande pra caramba e você pode e deve testar
vários, mande o BJCP para o inferno quando estiver testando suas cervejas, mas siga uma regra simples: escolha uma base de malte de cevada 2-row [1, 7, 10].
O malte não pode deixar sua IPA muito escura, ele não pode ter açúcares não fermentáveis demais e também não pode sofrer variação de sabor muito grande com a oxidação. O caso do malte Crystal é justamente esse, você deve usar sempre a quantidade mínima possível, nunca passando de 15% [1, 3, 7] (eu não usaria mais de 5%), pois esse malte pode zoar sua IPA quando oxidar, dando um sabor de frutas secas que cobrirá o lúpulo, sem contar que vai deixar sua cerveja mais doce do que deveria… portanto evite usar muito.
O malte não pode deixar sua IPA muito escura, ele não pode ter açúcares não fermentáveis demais e também não pode sofrer variação de sabor muito grande com a oxidação. O caso do malte Crystal é justamente esse, você deve usar sempre a quantidade mínima possível, nunca passando de 15% [1, 3, 7] (eu não usaria mais de 5%), pois esse malte pode zoar sua IPA quando oxidar, dando um sabor de frutas secas que cobrirá o lúpulo, sem contar que vai deixar sua cerveja mais doce do que deveria… portanto evite usar muito.
Para essa receita eu
escolhi os maltes:
- Malte Pale Ale (2 row) US:
Esse será nosso
malte base.
- Malte Munich 20L
- Malte Vienna
Esses serão para
adicionar uma complexidade ao malte.
- Malte chocolate (EBC mais baixo que encontrar)
Vai dar nosso sutil
sabor de chocolate e deixar a cor um pouco mais escura em conjunto com o Munich e Vienna. Você pode
adicionar sabor de chocolate usando sementes de cacau, assim como é
possível usar extrato de maracujá… mas a gente quer só malte,
lúpulo, fermento e água!²
1.2 – Escolhendo os lúpulos
O lúpulo é a
estrela principal de uma IPA, aqui moram Deus e o Diabo desse estilo. É ele quem vai dar amargor, sabor e aroma cítrico da cerveja, além de ser o responsável pela retenção e estabilidade da
espuma.
Sem dúvida alguma
você pode fazer uma IPA do cara%*& usando apenas um lúpulo (single
hop), como é o caso da linha “Lovers” da Dogma, mas aqui
queremos usar uma variedade maior, pois a ideia é acrescentar
complexidade de sabores e aromas.
Você já deve ter
notado que existe mais lúpulo na Terra do que estrelas no céu e é mais fácil estabelecer regras para uma briga de foice no escuro do que para a utilização deles. A fim de facilitar, fiz uma lista de lúpulos que me interessam usar nessa receita, assim afunilando as opções e facilitando a escolha.
Escolher o lúpulo
demanda conhecimento, você precisa ter familiaridade com o sabor de
cada um deles, então aconselho você a fazer uma IPA single hop dos
principais lúpulos que deseja usar. Só assim você saberá exatamente como dosá-los e quais combinam bem.
Segue a minha lista
preliminar [8]:
Base: Esses lúpulos são tradicionais das IPAs, não são necessariamente cítricos, mas podem combinar bem com estes.
Base: Esses lúpulos são tradicionais das IPAs, não são necessariamente cítricos, mas podem combinar bem com estes.
1 - Chinook:
Popular para IPA e APA.
Amargor e Aroma: picante, grapefruit, pinha, aroma de Terra.
Alfa
ácidos: 12% a 14%.
Pode
ser substituído por lúpulos menos amargos: Northern Brewer,
Columbus ou Nugget.
2 - CTZ:
Amargor moderado.
Aroma e sabor: pungente, picante e licorizado,
Alfa
ácidos de 14% a 18%.
Usar
principalmente em dry hop para obter máximo aroma.
3 - Apollo:
Amargor.
Bom
para Imperial IPA.
Aroma e Sabor: Terroso e cítrico.
Alfa
ácidos: 15% a 19%.
É
lúpulo para se aumentar bem o IBU sem gastar muito.
4 - Bravo:
Amargor
Muito usado em westcoast IPA
Aroma e sabor: picante, floral e terroso.
Alfa
ácidos: 14% a 17%.
Os
sabores contrastam com o amargor e dão um acabamento suave a
cerveja.
5 - Calypso:
Amargor e aroma.
Sabor e aroma: Mais comum de maçã, pera e citrino, menos comum de
melão, frutas tropicais, pimenta, flor de cerejeira e hortelã.
Alfa
ácido: 12% a 14%.
6 - El Dorado:
Amargor e aroma
Aroma: fortemente frutado, com notas de cereja, pêssego, manga e
trigo.
Alfa
ácido: 14% a 16%.
7 - Mosaic:
Lúpulo de aroma, um dos mais vendidos.
Aromas: terra, pinho, frutas de baga até manga.
Alfa
ácidos: 11.5% a 13.5%.
Podemos ser substituídos por seus pais: Nugget e Sincoe.
8 - Sorachi Ace:
Amargor e aroma
Trabalha bem com Simcoe e Citra.
Aroma: limão, citrino, endro e coentro.
Alfa
ácidos de 10% a 16%.
Provavelmente esse Lúpulo seja melhor direcionado a cervejas
japonesas.
Adicionais: Esses
serão a estrela principal:
1 - Simcoe:
Amargor e aroma.
Aroma: leve e rico em pinha e cítricos terrosos
Alfa
ácidos: 10% a 14%.
2 - Cascade:
Aroma.
Aroma frutado cítrico com notas picantes.
Alfa
ácidos de 4,5% a 7%.
3 - Citra:
Amargor e aroma.
Sabor e aroma pungente: Laranja, grapefruit, limão e outros sabores
de frutas tropicais.
Alfa
ácidos de 11% a 13%.
Combina bem com Mosaic e Simcoe.
4 - Amarillo:
Amargor e aroma
Sabor e aroma: exuberantes e equilibrados de citrinos, florais e
alaranjados.
Alfa
ácidos: 8% a 11%.
Adiciona sabor fresco.
5 - Centennial:
Aroma e amargor: equilibrado
Aroma e sabor: frutado cítrico pesado quando adicionado a fervura.
Alfa
ácidos de 9,5 % a 11,5%.
6 - Galaxy:
Muito aromático.
Sabor e aroma: cítricos como MARACUJÁ,
Alfa
ácidos de 13% a 15%.
Fazer adição tardia e/ou dry hop.
7 - Rakau:
Aroma e amargor.
Aroma e Sabor: frutas de pomar, pinho e damasco.
Alfa
ácidos de 10% a 12%.
8 - Nelson Sauvin:
Amargor e Aroma.
Aroma frutado: groselha, grapefruit, cítricos em geral.
Alfa
ácidos: 12% a 13%.
Amargor equilibrado pelo intenso frutado.
Eu sei que uma
combinação muito boa de lúpulos para obter frutas amarelas puxando
para o maracujá é Simcoe, Centennial, Amarillo, Citra, Cascade e
Galaxy. Pois o Centennial é conhecido como super Cascade, vamos
tentar utilizar os dois para realçar ainda mais características que
possuem. O Citra carrega sabor de maracujá que, junto ao
Galaxy, vai pronunciar esse sabor ainda mais. O Sincoe possui uma
grande complexidade de sabores e aromas de frutas cítricas diversas.
O Amarillo, por sua vez, é bem cítrico e excelente para os famosos
“hop bombs”.
Você pode escolher
algum lúpulo com bastante alfa-ácidos para bater sua meta de
IBU sem encarecer demais sua receita, no caso, iremos usar Apollo
se necessário.
Então nossa lista
está completa e bem justificada! Ela ficou assim:
- Apollo (Se
necessário.)
- Galaxy
- Simcoe
- Amarillo
- Cascade
- Centennial
Iremos saber se será
necessário o Apollo quando o cálculo do IBU esperado for
feito. (próximo post).
Se você está com dificuldade de encontrar os lúpulos, entre em contato diretamente com o Thiago Palmeira da Eureka Insumos que ele vai te fazer um preço fodástico mesmo para quantidades abaixo de 20 Kg (compra com CNPJ, caso não tenha, utilize o e-commerce).
Se você está com dificuldade de encontrar os lúpulos, entre em contato diretamente com o Thiago Palmeira da Eureka Insumos que ele vai te fazer um preço fodástico mesmo para quantidades abaixo de 20 Kg (compra com CNPJ, caso não tenha, utilize o e-commerce).
1.3 – Escolhendo
o fermento.
O fermento precisa
ser escolhido corretamente, pois é essa maravilha microbiótica quem vai fazer sua cerveja…. E ele pode fazer a melhor cerveja da
sua vida ou transformar toda sua grana em lixo, portanto cuidado.
O fermento vai
definir o teor alcoólico, pode deixar o sabor mais limpo ou
acrescentar alguns temperos, pode deixar o final mais ou menos seco e
etc. Antes de fazermos a escolha vamos entender algumas coisas
simples [1, 9]:
O que é atenuação?
Atenuação é a
capacidade do seu fermento em diminuir a gravidade final (FG). Assim
atenuação alta significa que seu fermento vai diminuir bastante a
FG da sua cerveja, portanto haverá um grande consumo de açúcares
fermentáveis deixando a cerveja mais seca. Se você precisa baixar
bem sua gravidade final e quer final seco, escolha uma levedura de
atenuação alta, caso contrário você pode usar os de média e
baixa atenuação.
O que é
floculação ?
A floculação é a
capacidade da sua levedura de se aglutinar e então sedimentar. Quanto
mais alta a floculação mais rápido ela sedimenta e menos tempo fica
em contato com sua cerveja, interferindo também na atenuação.
No nosso caso,
iremos escolher uma floculação média, pois o maior tempo de
suspensão da levedura ajuda a consumir mais diacetil, que é um
subproduto da fermentação que dá um sabor amanteigado que não tem
nada a ver com a IPA (mas tem com Pilsen)⁴.
O que é tolerância ao
álcool?
Nesse momento, tal
tópico é desnecessário, mas é sempre bom comentar. Existem
leveduras que não toleram bem grandes quantidades de álcool, pois
elas ficam “bêbadas” logo e entram em coma alcoólico⁵, chamado
de estupor, nesse momento sua produção de álcool pára. Se você
precisa de um ABV com mais de 10%, use leveduras com alta tolerância.
Dicas para a
escolha do fermento: no nosso caso, uma levedura com floculação média,
tolerância média a álcool e alta/média atenuação vai funcionar
muito bem. Nos casos de IPA tradicionais é legal escolher uma
levedura que não agregue ao sabor e aroma, porém queremos uma
tropical/cítrica, então podemos meter bronca numa levedura que contribua
nesses sabores e aromas.
Tradicionais:
1 - Wyeast 1056:
Floculação: baixa/média
Atenuação: 73-77%
Temperatura de fermentação: 15-22°C
Sabor: muito limpo e nítido com pouca produção de frutados e
produção de ésteres. Usada em estilos que desejam características
dominantes de malte e lúpulo. As notas de citros leves desenvolvem-se com
fermentações mais frias 15-19ºC. Normalmente requer filtragem para
cervejas mais claras.
2 - White Labs WLP001:
Floculação: Média
Atenuação: 73-80%
Temperatura de fermentação: 20-23 ° C
Sabor: limpo, equilibrado. Acentua os sabores do lúpulo e é
extremamente versátil.
3 - Safale US-05
(Punk IPA):
Floculação: Média
Atenuação: 77-81%
Temperatura de fermentação: 12-25 °C
Sabor: produz cervejas bem equilibradas com diacetil baixo e paladar
final muito limpo. Forma uma espuma firme e
apresenta uma capacidade muito boa para permanecer em suspensão
durante a fermentação.
Na moda:
1 - GY054 Vermont
IPA:
Atenuação Gravidade média: 78% - 82%.
Atenuação alta Gravidade: 74% - 76%.
Temperatura de fermentação: 17 °C - 24 °C.
Floculação: média/baixa
Descrição: Um dos melhores para westcoast IPA. Deixa uma cerveja
com mais corpo e um ligeiro aroma frutado que combina muito bem com o
lúpulo aromático. Boa escolha para cervejas de alta gravidade e
lúpuladas. Ampla faixa de temperatura e floculação moderada.
2 - Vermont Ale (Conan):
Atenuação gravidade média: 78% - 82%
Atenuação alta gravidade: 74% - 76%
Faixa de temperatura: 17 °C - 24 °C
Floculação: média/baixa
Descrição: Principalmente limpa, mas com um caráter
cítrico/damasco. Uma alternativa mais saborosa à Chico (WLP001 / WY1056). Bastante usado em American IPA.
3 - WLP095
Burlington Ale:
Atenuação: 73 - 78%
Floculação: Média
Temperatura de fermentação: 19 - 21 ° C
Tolerância ao álcool: Médio/alto ( 8 - 12%)
Este fermento fornece um pouco de personalidade e corpo na cerveja. Os
ésteres são superiores ao da WLP001. Resulta em mais diacetil,
portanto é necessário aumentar a temperatura no final da
fermentação.
4 - ECY10 Old Newark
Ale:
Floculação: alta
Atenuação: baixa
Temperatura de fermentação: 15 - 20 °C
Sabor: Possui características neutras semelhante ao WLP001, mas com
menor atenuação, menor acentuação do amargor do lúpulo,
floculação reduzida e um pouco de acidez.
Inglesas:
1 - Wyeast 1098:
Floculação: Média
Atenuação: 73 - 75%
Temperatura: 18-22 °C
Sabor: permite que o malte e o lúpulo
dominem o perfil de sabor da IPA. Produz cerveja bem balanceada com um acabamento
limpo e neutro. Fermenta bem até 19°C.
2 - Wyeast British
Ale II 1335:
Floculação: alta
Atenuação: 73 - 75%
Temperatura de fermentação: 17 - 24 °C
Sabor: um perfil britânico clássico de ale com boa floculação e
características de sabor de malte. Final limpo e bastante seco.
3 - East Coast Yeast North East Ale ECY29 (linha Conan)
Floculação: alta
Atenuação: alta
Temperatura de fermentação: 18 - 21 ° C
Sabor: Abundância de ésteres cítricos que acentuam o estilo
American na IPA.
Você pode escolher
a que mais te agradar. A US-05 é uma escolha sem erro, a Conan
também é muito famosa, porém queremos tentar a Wyeast 1098, já
que leveduras inglesas se dão muito bem em IPA mais cítricas [7].
Provavelmente
acabaremos por usar um equivalente ao Wyeast 1098, já que é muito
foda de achar esse fermento aqui no BR e tô realmente sem paciência
para importação. No caso o substituto seria New World Strog Ale -
Mangrove Jacks M42.⁶
1.4 – Ajustando
sua água.
Tá, muita gente usa
água da torneira pra fazer cerveja, quando no máximo compram água
mineral, mas não se dão ao trabalho de ler a analise físico-química da mesma… Não sejam preguiçosos, garantir um perfil químico
adequado para o estilo de cerveja que você está fazendo é
importante pra caramba pra simplesmente passar por cima por preguiça.
Primeiro de tudo
você precisa saber como cada um desses sais e minerais contribuem para a
sua cerveja;
O passo inicial é: garanta um Ph entre 5.4 e 5.6, se for maior que isso
sua cerveja pode ficar adstringente. Para facilitar, compre água
mineral nessa faixa de ph e controle o ph na mosturação, o normal é
o ph abaixar, portanto certifique-se de quele estará entre 5.1 e 5.4
durante o processo. [1, 10, 11]
Agora vamos para os
componentes químicos [1, 10];
- Cálcio (Ca): Vai
ajudar a sua cerveja a ficar mais clara e diminui a possibilidade de sabor adstringente. Junto ao Sulfato vai ajudar a realçar o
amargor do lúpulo, estabilizar as enzimas do malte e aumentar a
atividade enzimática. Ele não vai contribuir diretamente no sabor.
O ideal é mantermos entre 50 e 200 mg/L. Nossa escolha ficará em
110 mg/L.
- Magnésio (Mg): Atua como nutriente para leveduras, porém o malte de cevada já
contém mais nutrientes do que a levedura pode consumir. Seu excesso
pode zoar o sabor da cerveja, dando o amargor ou azedo chato pra
caramba. Não há estudo científico que suportem isso exatamente,
mas os cervejeiros afirmam que manter o Mg mais baixo possível pode
dar um sabor melhor. O recomendado pelo The EBC Manual of
Good Practice, é que se deve manter abaixo de 40mg/L. Vamos usar
18 mg/L apenas porque nossa água já vem com essa quantidade.
- Sódio (Na): É
uma praga difícil de corrigir. Em pequenas quantidades ele vai
realçar os sabores adocicados do malte e dá
sensação de corpo na cerveja, atuando junto com o Sulfato. Se a
concentração for grande (maior que 150mg/L) ele vai se ligar com Cl
e formar o sal de cozinha, deixando sua cerveja salgada. Como vamos
usar bastante sulfato, temos que garantir que o Na fique baixo, pois
ele agrega um sabor bem chato quando interage com Sulfato. Uma boa quantidade de
Na é entre 10 e 20 mg/L.
Não se esqueça que seu malte já fornecerá grande quantidade de Na, portanto nunca exceda 100mg/L, principalmente se estiver fazendo lager, que são mais sensíveis a esse mineral.
Não se esqueça que seu malte já fornecerá grande quantidade de Na, portanto nunca exceda 100mg/L, principalmente se estiver fazendo lager, que são mais sensíveis a esse mineral.
- Zinco (Zn): Em
pequenas quantidades é ótimo, pois é nutriente vital da levedura,
porém em quantidades maiores que o necessário pode dar um
desagradável sabor adstringente a sua cerveja. É recomendado algo
em 0.1 e 0.5mg/L, acima disso você poderá ter off-flavors. Vamos
tentar assegura algo entre 0.15 e 0.2mg/L.
- Cloreto (Cl): Essa
bagaça tem uma atuação não tão simples na cerveja. A
grosso modo o Cl deixa sua cerveja adocicada por realçar o
malte, porém não é uma via tão direta assim. O que temos que considerar
não é o Cl sozinho, mas sim a razão Sulfato/Cloreto, vamos falar
dela logo após falar do Sulfato. Escolheremos 50mg/L de Cl por causa
do nosso valor de Sulfato.
- Sulfato: O sulfato é
quem vai deixar o paladar mais seco e realçar o lúpulo. No geral o
indicado para cervejas mais amargas é algo entre 100 e 250mg/L. Nós
vamos usar 350 mg/L de Sulfato, mas como você verá logo abaixo, o
mais importante é a razão Sulfato/Cloreto.
Razão
Sulfato/Cloreto:
É ela quem vai
determinar se será seu malte ou seu amargor do lúpulo quem irá
sobressair. Para tanto pegue a quantidade de Sulfato da sua água e
divida pela quantidade de Cloreto, compare o valor que você obterá com a tabela abaixo [10]:
0.4 até 0.6: Muito Maltada.
0.6 até 0.8: Maltada.
0.8 até 1.5: Balanceada.
1.5 até 2.0: Levemente amarga.
2 até 4: Amarga.
4 até 9: Muito amarga.
>9: Amarga pra caral*&%.
Como queremos uma cerveja que garanta um alto amargor,
porque é uma fodendo IPA, miraremos entre 4 e 9…
7 estará lindo!
Vamos as contas:
350mg/L de Sulfato dividido por 50mg/L de Cloreto: 350/50 = 7
Rá! Certinho onde queríamos! Nossa relação está perfeita para
assegurar o amargor desejado. Uma informação extra interessante
é que da prática se percebe que Cloreto só passa a afetar o sabor
em quantidade superior a 50mg/L indo até 200mg/L, enquanto que o
Sulfato vai de 50 até 500mg/L.
O perfil químico da
água que queremos é esse:
- Ca: 110 mg/L,
- Mg: 18 mg/L,
- Na: 17 mg/L,
- Zn: 0,15 mg/L,
- Sulfato: 350 mg/L,
- Cloreto: 50 mg/L.
- Ph: 5.4
Claramente que você
pode usar uma água diferente da nossa, é só seguir as dicas acima.
1.5 – Finalizando.
É isso, hoje
definimos quais serão os ingredientes dessa IPA tropical demoníaca
que estamos pretendendo fazer.
Recapitulando:
Maltes:
- Pale Ale
- Munich 20L
- Vienna
- Chocolate
Lúpulos:
- Apollo (se
necessário)
- Galaxy
- Simcoe
- Amarillo
- Centennial
- Cascade
- Citra
Lembrando que você
pode fazer single hop ou combinações mais simples. Aconselho por
exemplo; Mosaic e Simcoe, Simcoe e citra, Mosaic e Cascade, Mosaic
com Chinook e Simcoe, Mosaic e Amarillo... e assim vai.
A maior dica todas
aqui, que discutiremos melhor no próximo post, é: coloque lúpulo
pra cara*&% na sua IPA! Algo por volta de 20g/L… isso mesmo 400g de
lúpulo para uma receita de 20 litros⁷.
Quem quiser fazer a receita junto com a gente é só avisar que podemos montar um grupo para ir discutindo.
1 - Ok, essa IPA não possui sabores audaciosos, a proposta é relativamente simples, mas lembre-se: o diabo está nos detalhes(!).
2 - A BadenBaden usa estrato concentrado de maracujá na sua IPA.
3 - A compra com o Thiago deve ser feita com CNPJ, sem CNPJ use o e-commerce do site.
4 - Se por motivos pessoais você prefere usar um fermento de alta floculação, não tem problema, pois existem outras formas de garantir o nível baixo de diacetil e discutiremos isso depois.
5 - É claro que sua levedura não entra em coma alcoólico, foi apenas uma brincadeira.
6 - Você pode usar uma tabela de equivalência caso não encontre nenhuma da lista. Tabela.pdf
7 - Parece exagero, e é mesmo, porém é com quantidades por volta de 20g/L que as melhores IPAs são feitas.
Referências:
[1] - Steele M. IPA: Brewing Techniques, Recipes and the Evolution of India Pale Ale. Brewers Publications (2012).
[2] - Kunze W. Technology brewing and malting. VLB Berlin (2004).
[3] - Bamforth, Charles W. Brewing materials and processes: a practical approach to beer excellence. Academic Press (2016)
[4] - Eßlinger, H.M. Handbook of Brewing: Processes, Technology, Markets. Wiley VCH. (2009)
Quem quiser fazer a receita junto com a gente é só avisar que podemos montar um grupo para ir discutindo.
Notas:
1 - Ok, essa IPA não possui sabores audaciosos, a proposta é relativamente simples, mas lembre-se: o diabo está nos detalhes(!).
2 - A BadenBaden usa estrato concentrado de maracujá na sua IPA.
3 - A compra com o Thiago deve ser feita com CNPJ, sem CNPJ use o e-commerce do site.
4 - Se por motivos pessoais você prefere usar um fermento de alta floculação, não tem problema, pois existem outras formas de garantir o nível baixo de diacetil e discutiremos isso depois.
5 - É claro que sua levedura não entra em coma alcoólico, foi apenas uma brincadeira.
6 - Você pode usar uma tabela de equivalência caso não encontre nenhuma da lista. Tabela.pdf
7 - Parece exagero, e é mesmo, porém é com quantidades por volta de 20g/L que as melhores IPAs são feitas.
Referências:
[1] - Steele M. IPA: Brewing Techniques, Recipes and the Evolution of India Pale Ale. Brewers Publications (2012).
[2] - Kunze W. Technology brewing and malting. VLB Berlin (2004).
[3] - Bamforth, Charles W. Brewing materials and processes: a practical approach to beer excellence. Academic Press (2016)
[4] - Eßlinger, H.M. Handbook of Brewing: Processes, Technology, Markets. Wiley VCH. (2009)
[5] - Fergus G. Priest, Graham G. Stewart. Handbook of Brewing, Second Edition (Food Science and Technology 157). CRC Taylor & Francis. (2006)
[6] - Dennis E. Briggs, Chris A. Boulton, Peter A. Brookes, Roger Stevens. Brewing Science and Practice. Woodhead Publishing in Food Science and Technology. CRC Press. (2004).
[7] - Mallett j. Malt: a Practical Guide from Field to Brewhouse. Brewers Publications. (2014).
[8] - Hieronymus, S. For the love of hops: the practical guide to aroma, bitterness, and the culture of hops. Brewers Publications. (2012).
[9] - Zainasheff J., White C. Yeast: the practical guide to beer fermentation. Brewers Publications. (2010).
[10] -Palmer J, Kaminski C. Water: A Comprehensive Guide for Brewers. Brewers Publications. (2013).
[11] - Fachverlag, H. C. Manuals of Good Practice - EBC Brewers. (2000)
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ResponderExcluirParabéns, ótimas informações!! Caso façam um grupo me coloca a disposição para ser membro ouvinte. Mais uma vez parabéns conteúdo de qualidade!
ResponderExcluirLegal encontrar esse blog, eu leio seus posts no fórum, já era hora de lançar um blog, parabéns!
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